Tópicos de vida e obra de Fichte

Pesquisa & Texto da autoria de João Ribeiro de A. Borba

Primeira revisão (formal) em Jan/2021

 

Cronologia da vida e da produção filosófica de Fichte

  • 1762 - Fichte nasceu em 19 de maio deste ano, em uma família pobre.
  • 1775 - Nasceu Schelling, que seria o maior discípulo de Fichte, e depois seu maior opositor.
  • 1780 - Fichte passou a estudar teologia em Jena, interessando-se pelo debate entre a existência da liberdade ou livre arbítrio e, de outro lado, o determinismo. Fichte se posicionava em favor do determinismo.
  • 1781 - Kant, futuro mestre de Fichte, publicou a Crítica da razão pura, obra que marcou fortemente a formação filosófica de Fichte.
  • 1782 - Fichte, formando-se na Universidade de Leipzig, recusou a carreira sacerdotal, e por isso perdeu a pensão que recebia de sua tutora com esta condição. Passou a viver como educador em condições de profunda pobreza, chegando a passar fome.
  • 1784 - Fichte completou seus estudos de teologia.
  • 1788 - Kant, seu futuro mestre, publicou a Crítica da razão prática –– obra que irá influenciar Fichte ainda mais fortemente.
  • 1789 - Iniciou-se em 14 de julho a Revolução Francesa, acontecimento de grande impacto e influência sobre o pensamento de Fichte.
  • Em 1790, assumindo a pedido de um pupilo a tarefa de dar aulas sobre Kant, Fichte mergulhou em um estudo intenso das três famosas críticas kantianas: Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática e Crítica da Faculdade de Julgar. Este estudo levou Fichte a superar seu determinismo e se tornar kantiano, colocando a liberdade no centro de suas reflexões.
  • 1791 - Atuando como assistente de Kant, escreveu a obra Crítica de toda revelação, recomendada pelo próprio Kant ao editor, e publicada sem nome do autor. Um mal-entendido então levou o público a considerá-la inicialmente como uma obra genial do famoso Kant, mas desfeita a confusão, Kant recusou que a obra desse assistente representasse o que ele pensava, Fichte procurava em sua obra ser mais kantiano que o próprio Kant, revelando potenciais ocultos da filosofia kantiana que não teriam sido percebidos pelo próprio Kant. Segundo ele, a obra kantiana devia ser lida buscando a compreensão de seu "espírito", e não ao pé da letra. Kant recusou essa leitura, e Fichte foi impedido de publicar novas edições da obra (já famosa). O impedimento o deixou indignado e o levou a escrever e publicar uma Reivindicação pela liberdade de pensar. Este texto lhe trouxe a reputação de radical jacobino.
  • 1793 - Fichte escreveu e publicou as Contribuições para a retificação dos juízos do público sobre a Revolução Francesa. No texto, procurou pela verdadeira natureza da revolução, concentrando-se na ideia de liberdade.
  • 1794 - Fichte publicou Os princípios fundamentais da Doutrina da Ciência e também as Lições sobre a destinação do sábio.
  • 1797 - Fichte deste ano em diante, se recusou a publicar suas pesquisas mais fundamentais, que parecem ter sido bastante obscuras (de difícil compreensão) e de caráter religioso. Passou-se a ter destas pesquisas apenas alguma informação filtrada e modificada pelos seus discípulos Hegel e Schelling, que tinham suas próprias linhas de pensamento e foram se afastando cada vez mais da fonte comum fichteana.
  • 1798 - Fichte publicou O Sistema da Ética segundo os princípios da Doutrina da Ciência.
  • 1799 - Já famoso, atuando como professor na Universidade de Jena, Fichte escreveu um artigo sobre O fundamento de nossa crença em uma divina providência –– e foi acusado de ateísmo e de conspiração contra o regime da monarquia de direito divino. Respondeu escrevendo um Apelo ao público e foi obrigado pelas autoridades a abandonar a cidade.
  • 1801 - Publicação da Exposição da Doutrina da Ciência –– que fica conhecida como a Doutrina da Ciência de 1801.
  • 1804 - Foi editada a Doutrina da Ciência, exposição de 1804 –– talvez a obra mais importante de Fichte.
  • 1807 - 1808 - Fichte realizou os Discursos à nação alemã, denunciando Napoleão (que tentava invadir a Alemanha) como traidor dos ideais de liberdade da Revolução, por substituir esse princípio pelo de autoriade. Esta confrontação fichteana entre os princípios de liberdade e de autoridade reapareceu mais tarde (em uma formulação que já não é mais idealista, mas pragmática) na obra do anarquista Pierre-Joseph Proudhon, que reinterpretou à sua maneira esta oposição –– e foi considerado pelo próprio filho de Fichte uma espécie de herdeiro da filosofia fichteana, mais ou menos à maneira como se pode considerar Marx uma espécie de herdeiro da filosofia idealista de Hegel.
  • 1814 - Falecimento de Fichte, em 29 de janeiro, doente de Tifo –– doença que contraiu socorrendo os feridos de guerra.

 

 Bibliografia utilizada especificamente nesta cronologia

 

  • AUTOR NÃO ESPECIFICADO. Os pensadores: História das grandes ideias do mundo ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Capítulo 36: Fichte.
  • HUISMAN, Denis (Dir.). Dicionário dos filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
rodapé