Vivendo e aprendendo: reflexões

O assunto desta seção são aqueles que se poderia chamar de "aprendizados de vida. Falo de experiências marcantes que nos ensinam alguma coisa, de modo que haverá nesta seção um tom um tanto autobiográfico, de biografia intelectual. Ela deve acompanhar, com maior aprofundamento reflexivo, notas rápidas que serão publicadas sobre o assunto no blog Quemdisse.

No entanto, a idéia de que somos "indivíduos", issolafos em nossas vidas e experiências de vida, é não apenas questionável, mas no meu entendimento difícil de sustentar. Vivemos e somos o que somos em função de nossa imersão na trama de nossas relações com as coisas, os eventos que vivenciamos e as pessoas com que direta ou indiretamente contatamos (para não falar nos nossos animais de estimação).

Assim, tais "experiências de vida" que nos trazem aprendizagens devem  incluir necessariamente os aprendizados no contato direto ou indireto com outras pessoas e o que elas pensam, e neste sentido, deve incluir o que chamarei de "cartas abertas", nas quais devo estabelecer diálogos filosóficos com certas pessoas — ou pelo menos o meu lado desses diálogos, porque não se pode dizer que haverá resposta por parte de alguma delas. Falo de pessoas conhecidas ou não do grande público (e também conhecidas pessoalmente por mim ou não). E nada impede que alguma delas acabe respondendo, caso em que, sendo a resposta interessante e havendo permissão da pessoa, a publicarei também aqui.

Não é apenas nos livro que aprendemos aquilo que nos forma, e mesmo aquilo que nos forma filosoficamente.

Existem por exemplo também outras leituras, não necessáriamente filosóficas, inclusive as de ficção, que podem chegar a marcar nosso pensamento de modo muitíssimo relevante. Filmes, músicas e o contato com obras de arte também podem chegar a propiciar isto. Produtos de subculturas artísticas ou lúdicas como os fanzines ou os memes de internet, ou ainda os videogames, também podem fazê-lo.  Aliás, podemos dizer que no mundo atual os filmes têm uma especial relevância nesse sentido, e seguidos entre os jovens pelos games digitais.

Tais experiências constituem esperiências de vida num sentido interessante... experiências indiretas? — Talvez possamos tratá-las assim. Mas se generalizarmos essas influências sobre nossas vida, esse campo de experiências, para todos os nossos contatos com produtos tecnológicos que temos atualmente, em especial os midiáticos, este tratamento (de tais experiências como "indiretas") por si só já pode gerar controvérsias e um bom punhado de discussões filosóficas. O próprio fato de cultivar este site constitui para mim uma experiência de vida muito marcante.

Temos por outro lado aquelas experiências que poderíamos talvez chamar de "diretas", coisas que ocorrem conosco e que envolvem diretamente a presença física de nosso corpo em certas circunstâncias específicas. é comum, por exemplo que as pessoas aprendam muita coisa quando vivenciam traumas intensos e profundos, tais como acidentes violentos em que quase perdemos a vida.

Mas também pequenas experiências cotidianas podem, num certo momento, atingir uma relevância muito grande ara uma pessoa, e marcar o seu modo de pensar.  No meu caso, por exemplo, há uma extensa sucessão de pequenas experiêncas que me marcou muito: o longo tempo em que vivi, na juventude, experiências no contato com atividades teatrais, sobretudo as de preparação para o trabalho de ator, em meio a jogos de grupo que envolviam combinações de exercícios físicos e psicológicos, e entre estes últimos, exercícios intelectuais e mentais de variados tipos e exercícios emocionais também.

Nesta seção trataremos de explorar filosoficamente todos esses tipos de experiências de vida.

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