Por João R. A. Borba (João Borba)
Trata-se de um projeto para o qual tenho já diversos materiais rascunhados e alguns postados neste site na forma de apostilas ou em outras seções. A ideia é de fato a de escrever um livro... a) reconstituindo a democracia direta de Atenas, e discutindo suas virtudes e falhas enquanto possível modelo para a correção das democracias atuais (o que significa acompanhar criticamente as reflexões de Cornelius Castoriadis, o fundador da esquerda política autonomista); b) diferenciando Sócrates de Platão no contexto dos debates em torno desse modelo democrático; e c) reabilitando o filósofo Protágoras (o classifico assim sem absolutamente a menor hesitação) e todo o Movimento Sofista fundado por ele.
A referida ultrapassagem de Platão, então, deve se dar através da valorização simultânea, em oposição a ele, de todas essas três referências: Protágoras, Sócrates (sim, um Sócrates que considero antiplatônico contrariando toda a tradição que os associa tão intimamente, é precisamente disto que estou falando) e a Democracia Direta.
De todos os maiores autores de filosofia que ja li, o único a se contrapor frontalmente a Platão, criticando-o de maneira sistemática, cuidadosamente elaborada, com refinada leitura dos textos platônicos, e profundamente contundente nas críticas a ele — sobretudo em face dos posicionamentos antisofísticos e antidemocráticos de Platão em sua época, foi Cornelius Castoriadis. Por isso é que, pretendendo a reabilitação tanto da democracia direta ateniense quanto de Protágoras e de seu Movimento Sofista, não poderia deixar de tomá-lo tomo como uma de minhas referências importantes neste projeto.