Ditos & Feitos de Bakunin

Seleção e organização das citações por João R. A. Borba


Sumário


 

Bakunin: o filósofo da destruição criadora
Um espírito democrático radical em defesa dos jovens, da ação, do materialismo e da sabedoria viva do povo, contra o poder do Estado e contra a hipocrisia reacionária de um saber feito de meras palavras

 

Sobre velhos e jovens diante da liberdade

(...) na realidade, há infelizmente ainda uma multidão que, verdaderamente, não acredita, do mais profundo do seu coração, na liberdade (...), em primeiro lugar, pessoas bem colocadas, carregadas de anos e de experiência que, na sua juventude,  eram mesmo diletantes da liberdade política (...). Mas como não podem agora gozar a vida como no tempo da sua juventude, procuram dissimular o seu enfraquecimento físico e intelectual sob o véu da "experiência" — uma palavra tanta vez enganadora —: é perder tempo falar com essas pessoas; nunca levaram a liberdade à sério, nunca a liberdade foi para eles a religião que só conduz aos maiores prazeres e à felicidade suprema pela via das mais cterríveis contradições, ao preço dos mais cruéis sofrimentos e da abnegação total e sem reservas, Verdadeiramente não há nenhum interesse em discutir com eles, porque são velhos e, assim, apesar de tudo, morrerão brevemente.

Mas há também, infelizmente, muitas pessoas jovens que partilham com as pessoas do primeiro grupo as mesmas convicções, ou antes, a ausência de toda convicção. Pernencem na maior parte, a essa aristocracia que pelo asua natureza está marcada desde há muito tempo, na Alemanha, pela morte política, seja a classe burguesa e comerciante, seja a dos funcionários. Com eles não há nada a empreender, e menos ainda com as pessoas judiciosas e experimentadas da primeira categoria que já têm um pé no túmulo. Os últimos tinham ao menos a aparência de vida, enquanto que os outros são de nascença seres inexistentes, homens mortos. Estão todos embaraçados nos seus interesses sórdidos de vaidade ou de dinheiro e unicamente preocupados com seus cotidianos (...)

São naturezas mortas, sombras que não podem ser nem úteis, nem nocivas; não temos nada a temer delas, porque só o que é vivo é que pode agir e como já passou de moda ter comércio com sombras, não queremos perder nosso tempo com eles.

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje & A Reação na Alemanha & O catecismo
revolucionário
. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 105-106

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Mas incluindo jovens ou velhos,

(...) há ainda uma terceira categria de adversários do princípio da Revolução: é o partido reacionário surgido pouco depois da Restauração em toda Europa e que se chama conservadorismo em política, escola histórica na ciência do direito, e filosofia positiva nas ciências especulativas.

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje & A Reação na Alemanha & O catecismo
revolucionário
. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 107

 

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Sobre os reacionários "puros"

 

No seio do partido reacionário podem-se distinguir atualmente dois grupos principais: num figuram os reacionários puros e consequentes, no outro os inconsequentes e conciliadores. Os primeiros concebem a oposição em toda a sua pureza; sabem que não se pode mais conciliar o positivo e o negativo, como a água com o fogo; não vendo no negativo o lado afirmativo da sua natureza, não podem acreditá-lo, e deduzem corretamente que o positivo não se pode manter senão pelo esmagamento total do negativo. (...)

Estes reacionários fanáticos acusam-nos de heresia, e, se fosse possível, fariam surgir do arsenal da História a força oculta da Inquisição para a utilizar contra nós; eles negam-nos todo o sentimento bom ou humano e vêem em nós anticristos endurecidos que é permitido combater por todos os meios. Pagamos-lhes na mesma moeda? Não. (...)

Procuramos ser justos mesmo perante os nossos inimigos, e reconhecemos voluntariamente que eles se esforçam de querer realmente o bem, e mais, que a sua natureza os tinha destinado para o bem e para uma vida animada e que só um inconcebíbel golpe do destino os desviou da sua verdadeira vocação (...), os seus sentimentos espontâneos fazem-nos aspirar de pleno direito à plenitude de uma vida apaixonada e, não encontrando no negativo mais que a humilhação dessa vida, retornam ao passado, ao passado tal como existia antes que surgisse a oposição entre o negativo e o positivo. (...) Mas cometam um grande erro quando pensam poder ressucitar esse passado tão vivo (...). Adeptos de um positivismo cego, não compreendem isto (...) a meu ver, são verdadeiramente de lastimar, tendo os seus esforços uma origem quase sempre honesta.

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje/ A Reação na Alemanha/ O catecismo revolucionário. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 109-111

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Sobre os reacionários conciliadores

 

Podemos definir o ponto de vista dos conciliadores como o da desonestidade no domínio da teoria (...).

Os positivista conciliadores têm mais inteligência e penetração que os consequentes; são os inteligentes e os teóricos por excelência (...). Poderíamos aplicar-lhes o que, no começo da revolução de Julho, dizia um jornal francês, o "Just Milieu": "O lado esquerdo diz: dois vezes dois fazem quatro. O lado direito: dois vezes dois fazem seis... e o justo centro diz: dois vezes dois, fazem cinco.". Mas achariam isto ruim! Vamos também estudar muito seriamente a sua natureza confusa e difícil e com o mais profundo respeito pela sua sabedoria (...).

São indivíduos maliciosos, oh! São inteligente e prudentes! Nunca permitem na prática à paixão da verdade destruir o edifício artificial das suas teorias; são muito experimentados, muito inteligentes para dar ouvidos à voz imperativa da simples consciência prática. Seguros de deus pontos de vista, lançam sobre ela olhares cheios de distinção, e quando dizemos que só o que é simples é verdadeiro e real, porque só ele pode jogar um papel criador, eles pretendem, ao contrário, que só o que é complexo é verdadeiro: tiveram na realidade as maiores dificuldades em o remendar e é o unico sinal que permite distingui-los, a eles, os indivíduos inteligentes, da plebe imbecil e inculta (e é bem difícil vencer esses indivíduos porque, precisamente, sabem tudo!) (...).

Com estes indivíduos é difícil tirar alguma coisa a claro, porque, assim como as constituições alemãs, tomam com a mão direita o que dão com a esquerda; nunca respondem com um sim ou um não, dizem: "Numa certa medida vocês têm razão, mas contudo...". E quando não têm argumentos dizem então: "Sim, é uma questão delicada...".

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje/ A Reação na Alemanha/ O catecismo revolucionário. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 113-114

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Toda a sabedoria dos conciliadores consiste em pretender que duas tendências opostas, pelo fato mesmo de sua oposição, , são exclusivas e, por consequência, falsas, e se os dois termos da contradição, tomados no abstrato, são falsos, é necessário, portanto, que a verdade esteja entre os dois, é necessário conciliar os contrários para chegar à verdade. À primeira vista, esse raciocínio parece irrefutável (...). De acordo, se essa conciliação for possível: mas será verdadeiramente possível? A única razão de ser do negativo não é a destruição do positivo?

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje/ A Reação na Alemanha/ O catecismo revolucionário. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 114-115

 

Sobre palavras e ação

 

Imitemos um pouco a sabedoria dos nossos adversários. Vejam, todos os governos têm na boca a palavra liberdade, enquanto os seus atos são reacionários. Que as autoridades revolucionárias não façam mais frases, mas usando uma linguagem mais moderada, a mais pacífica possível, façam a revolução.

(...) doravante não devemos propagar mais nossos princípios por palavras, mas com fatos, pois é a mais popular, a mais poderosa e a mais irresistível das propagandas. (...)

A razão principal porque todas as autoridades revolucionárias de todo o mundo fizeram sempre tão pouca revolução, é porque elas sempre quiseram fazê-la elas próprias, com a sua autoridade, e com a sua força, o que nunca deixou(...) de estreitar excessivamente a ação revolucionária (...).

Então o que devem fazer as autoridades revolucionárias — e trabalhemos para que estas existam o menos possível — o que é que elas devem fazer para desenvolver e organizar a revolução? Elas nem devem fazê-la por decretos, nem impô-la às massas, mas provocá-la nas massas. Elas não lhes devem impor uma organização qualquer, mas suscitando a sua organização autônoma, trabalhar secretamente, com a ajuda da influência individual sobre os indivíduos mais inteligentes e mais influentes de cada localidade, para que esta organização esteja o mais próximo possível de nossos princípios.

 

BAKUNIN, Mikhail. Socialismo e liberdade.
Sem local: Luta Libertária (Coletivo Editorial Anarquista), sem data, p. 53-54.
Organizado por Rudolf Recker a partir de. BAKUNIN, MIkhail. Obras completas Vol. II. Madri: La Piqueta, 1977, p. 70 e 225-228.

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O nosso objetivo é criar uma coletividade revolucionária forte, mas sempre invisível; uma coletividade que deve preparar a revolução (...) deixando ao movimento revolucionário de massas o seu desenvolvimento total e à sua organização social (...) a mais completa liberdade, mas vigiando sempre para que esse movimento e essa organização nunca possam reconstituir autoridades, governos, Estados, e combatendo todas as ambições, tanto coletivas (no gênero da de Marx) como individuais por meio de influência natural, nunca oficial, de todos os membros da nossa Aliança, disseminados em todos os países, e cuja força vem unicamente de sua ação solidária e da unidade de programa e objetivos que deve existir sempre entre eles.

(...) doravante, a revolução deverá tomar e manter um caráter local no sentido de que não deverá começar de modo nenhum por uma grande concentração de todas  as forças revolucionárias de um país em um único ponto (...) inflamando-se em todos os pontos do país, deverá tomar o caráter de uma verdadeira revolução popular.


BAKUNIN, Mikhail. Socialismo e liberdade.
Sem local: Luta Libertária (Coletivo Editorial Anarquista), sem data, p. 58-59.
Organizado por Rudolf Recker a partir de. Nettlau, MAX. Mikhail Bakunin, la Internacional y la Aliança. Madri: La Piqueta, 1992, p. 64-67, 72, 218 e 284.

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Sobre a dialética do partido democrático

 

Segundo a sua natureza e o seu princípio, o partido democrático aspira ao geral e ao universal, mas segundo a sua existência, , enquanto partido, é somente qualquer coisa de particular — o negativo — opondo-se a qualquer outra coisa de particular — o positivo. Toda a importância e toda a força irresistível do negativo consistindo no aniquilamento do positivo, mas, ao mesmo tempo que o positivo, o negativo estará em breve na sua ruina, devido à sua natureza particular, imperfeito e inadaptado à sua essência.

O partido democrático não existe como tal, na plenitude de sua afirmação, mas somente como a negação do positivo: é porque deve, nesta forma imperfeita, desaparecer ao mesmo tempo que o positivo, para renascer espontaneamente sob uma forma regenerada e na plenitude de seu ser. Assim, o partido democrático torna-se nele mesmo e essa transformação não é somente quantitativa, não é um simples alargamento da sua existência atual imperfeita (...) porque o termo final da história seria um nada absoluto. essa transformação é, ao contrário, qualitativa, é uma revelação que vive e anuncia a vida, um novo céu e uma nova terra, um mundo jovem e magnífico, no qual todas as dissonâncias atuais se transformarão numa unidade harmoniosa.

 

BAKUNIN, Mikhail. A Reação na Alemanha.
In O anarquismo hoje/ A Reação na Alemanha/ O catecismo revolucionário. Lisboa: Assírio & Alvim, 1976, p. 108-109

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Sobre o idealismo e o materialismo

 

Quem tem razão, os idealistas ou os materialistas? Uma vez feita a pergunta, a hesitação se torna impossível, os idealistas estão errados e os materialistas estão certos.  sim, os fatos têm primazia sobre as ideias; sim, o ideal, como disse Proudhon, é uma flor, cujas condições materiais de existência constituem a raiz.  sim, toda a história intelectual e moral, política e social da humanidade é um reflexo da história econômica.

 

BAKUNIN, Mikhail. Deus e o Estado.
São Paulo: Cortez, 1988, p. 8-9

 

Sobre o cristianismo

 

Sim, nossos primeiros ancestrais, nossos Adão e Eva foram, senão gorilas, pelo menos primos muito próximos dos gorilas, dos onívoros, dos animais inteligentes e ferozes, dotados, em grau maior do que o dos animais de todas as outras espécies, de duas faculdades preciosas: a faculdade de pensar e a necessidade de se revoltar.

Essas duas faculdades, combinando sua ação progressiva na história, representam a potência negativa do desenvolvimento positivo da animalidade humana, e criam consequentemente tudo o que constitui a humanidade nos homens. A Bíblia, que é um livro muito interessante, e aqui e ali muito profundo, quando o consideramos uma das mais profundas manifestações da sabedoria e da fantasia humanas, exprime essa verdade, de maneira muito ingênua, em seu mito do pecado original.

(...)

Entretanto, no mito do pecado original, Deus deu razão a Satã; ele reconheceu que o diabo não havia enganado Adão e Eva ao lhes prometer a ciência e a liberdade, como recompensa pelo ato de desobediência que ele os induzira a cometer. Assim que eles provaram o fruto proibido, Deus disse a si mesmo (ver a Bíblia): "Aí está, o homem tornou-se como um dos deuses, ele conhece o bem e o mal; impeçamo-lo pois de comer o fruto da vida eterna, a fim de que ele não se torne imortal como Nós".

Deixemos agora de lado a parte fabulosa desse mito, e consideremos seu verdadeiro sentido, muito claro, por sinal. O homem se emancipou,  separou-se da animalidade e se constituiu homem;  ele começou sua história e seu desenvolvimento especificamente humano por um ato de desobediência e de ciência, isto é, pela revolta e pelo pensamento.

 

BAKUNIN, Mikhail. Deus e o Estado.
São Paulo: Cortez, 1988, p. 11-12

 

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Sobre o Estado

 

(...) a moral política sempre foi não somente estranha, mas absolutamente contrária à moral humana. Esta contradição é consequência forçada de seu princípio: o Estado, sendo só parte, apresenta-se como um todo; ignora o direito de tudo o que, não sendo ele mesmo, acha-se fora dele, e quando pode sem perigo para si mesmo, o viola — o Estado é a negação da humanidade.

 

BAKUNIN, Mikhail. O Princípio do Estado.
In O princípio do estado/ Três conferências feitas aos operários do vale de Saint-Imier. Brasília: Novos Tempos, 1989, p. 14

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A unidade é o fim para o qual tende irresistivelmente a humanidade. Mas se faz fatal, destruidora da inteligência, da dignidade, da prosperidade dos indivíduos e dos povos, sempre que se forma fora da liberdade, seja pela violência, seja sob a autoridade de uma ideia teológica, metafísica, política ou ainda econômica qualquer. (...) A Liga não poderá reconhecer mais que uma só unidade: aquela que se constitua livremente pela federação das partes autônomas no todo, de modo que este, deixando de ser a negação dos direitos e dos interesses particulares, deixando de ser o cemitério onde vão se enterrar forçosamente todas as prosperidades locais, se converterá, pelo contrário, na confirmação e na fonte de todas essas autonomias e de todas essas autoridades.

 

BAKUNIN, Mikhail. Federalismo, socialismo e antiteologismo.
In BAKUNIN, Mikhail. Obras Vol III. Madri: Júcar, 1977, p. 62-63

(Apresentado por Bakunin ao Comitê Central da recém-fundada
Liga da Paz e da Liberdade, em seu Congresso de 1867 em Genebra)

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Sobre Educação

 

É verdade, a instrução é uma força; e por mais deficiente, superficial, deformada que seja aquela de nossas altas classes, é inegável que, com outros fatores, ela permite à minoria privilegiada conservar em suas mãos o poder (...). O povo é infinitamente mais apto aos estudos do que a minoria (...), a minoria encontra-se em condições que lhe dão acesso à instrução enquanto as massas populares estão em condições tais que a instrução lhes é proibida (...)

 

BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução.
São Paulo: Imaginário, 2009, p. 39

 

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O saber é uma força. A ignorância, a causa da impotência social. Isso não seria nada se, na sociedade, todo mundo estivesse mergulhado numa idêntica ignorância. Então, o mais inteligente, por natureza, tornar-se-ia o mais forte. Mas tendo em vista que a instrução das classes estatistas progride constantemente, a força mais natural da inteligência do povo perde todo o seu sentido. O que é a instrução senão o capital cerebral, a soma dos trabalhos intelectuais do conjunto das gerações passadas? Onde se viu um espírito inculto, por mais potente que seja por natureza, sobrepujar-se num enfrentamento com uma força intelectual coletiva formada em séculos? Eis por que se vê frequentemente um homem do povo inteligente capitular ante um imbecil que recebeu instrução. O imbecil domina-o não por seu próprio espírito, mas por aquele adqjuirido com os outros. Isso, por sinal, só acontece quando um mujique inteligente choca-se contra um imbecil instruído sobre questões que ele não conhece. Em seu próprio terreno, lá onde nada lhe escapa, o mujique é capaz de vencer uma dezena, uma centena de imbecis cultos. Mas a infelicidade é que, por causa da ignorância, a área do pensamento popular é das mais restritas. O mujique inteligente vê raramente mais distante que sua própria aldeia, enquanto o ser mais limitado, tendo recebido a instrução, está habituado a abarcar, por seu pequeno espírito, os interesses e a vida de países inteiros. A ignorância impede sobretudo o povo de tomar consciência da solidariedade universal que é a sua, de sua imensa força numérica; ela impede-o de unir-se e organizar a revolta contra a opressão e o roubo organizados: contra o Estado.

 

BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução.
São Paulo: Imaginário, 2009, p. 44

 

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No povo, qualquer que seja a lentidão da evolução, e ainda que a instrução pelo livro lhe seja inacessível, o avanço nunca pára. Ele tem para si dois livros de cabeceira nos quais não cessa de aprender: o primeiro, é aquele de sua amarga experiência, de sua miséria, de sua opressão, de suas humilhações, de sua expoliação e dos sofrimentos que lhe infligem cotidianamente o governo e as classes; o segundo, é aquela tradição, viva, oral, transmitida de geração a geração, e tornando-se cada vez mais completa, mais sensata e mais vasta.

 

BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução.
São Paulo: Imaginário, 2009, p. 47

 

Não desprezo absolutamente a ciência e o pensamento. Sei que é sobretudo graças a eles que o homem distingue-se de todos os outros animais, e considero uma e outro como os únicos faróis de todo progresso humano. Mas sei ao mesmo tempo que, assim como as estrelas, esses faróis iluminam fracamente quando não estão em harmonia com a vida (...).

 

BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução.
São Paulo: Imaginário, 2009, p. 50

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(...) se consideramos o conjunto das classes ditas instruídas, encontraremos nelas muitas pessoas tão cultas, isto é, que acumularam e compreenderam o que lhes ensinaram e que assimilaram? A maioria dessas pessoas é constituída de papagaios falastrões, e por seus diplomas, mandarins chineses. (...) os imbecis instruídos que saem das classes estatistas nunca desejarão admiti-lo, e mesmo se o admitissem, as pessoas capazes não tardariam a tornar-se imbecis como eles, pois todo poder exclusivo, e com mais razão toda autoridade, fundada num diploma universitário, temo dom de fazer de boas pessoas, brutos; de seres inteligentes, imbecis.

(...)

Mas muito felizmente, os povos instruem-se e se desenvolvem, como vimos, menos pelo livro do que pela ciência da experiência histórica, por séculos de existência e provações (...)

 

BAKUNIN, Mikhail. A ciência e a questão vital da Revolução.
São Paulo: Imaginário, 2009, p. 70-71


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