(GILSON, Étienne. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 2002.)
Gilson é um famoso historiador da filosofia, interessado principalmente pelo estudo da história da razão, dos conceitos de “razão” e dos usos da razão pelos filósofos nas diferentes épocas, com especial atenção para a razão científica, que acaba sendo valorizada por muitos filósofos.
Quando lemos sobre a história da Idade Média, ficamos às vezes com a impressão de que naquela época não havia estudos e não se usava a razão, porque tudo era uma questão de pura e simples fé. Mas pensar desse modo é um exagero muito grande.
O que ocorre é que a imensa massa da população era analfabeta e nos primeiros séculos de todo desse período não havia “escolas” como as que conhecemos hoje. Entretanto, entre os membros da Igreja havia sim muitos estudiosos e inclusive grandes filósofos. Apenas esses estudos nunca se separavam das questões religiosas e dificilmente avançavam para alguma área que não parecesse interessante para a Igreja.
Alguns filósofos medievais são bastante famosos, como Santo Agostinho, Guilherme de Ockan, Pedro Abelardo ou Thomás de Aquino. Mas houve muitos outros, e que desenvolveram filosofias extremamente refinadas, que felizmente chegaram sim até nós.
Neste “livrinho” de 949 páginas, Gilson vai nos mostrando cuidadosamente inúmeros filósofos, filosofias e debates filosóficos que foram sendo desenvolvidos ao longo de toda a Idade Média, e que hoje nem sempre tem sido muito lembrados e reestudados porque são pouquíssimo conhecidos, a não ser entre os que estudam especificamente questões religiosas.
No entanto, trata-se de um material interessantíssimo para, indiretamente, nos ajudar a refletir sobre diversos outros assuntos, indo muito além das questões apenas religiosas, apesar das aparências.