Leninismo ou bolchevismo

Leninismo ou bolchevismo

Leninismo ou Bolchevismo

Até o século XIX a Rússia era dominada por uma monarquia absoluta bastante autoritária, que gerou revoltas e pressões contrárias de diferentes camadas sociais, até mesmo da aristocracia. Havia sempre um imperador — que em russo era chamado de “czar” — com todos os poderes em suas mãos, e uma família imperial da qual viria o herdeiro do trono. O último czar, Nicolau II, tentou aliviar as pressões contra o governo instaurando um parlamento, e transformando o regime de poder absoluto em uma monarquia constitucional. Mas não foi suficiente.

Formou-se um forte partido de oposição, que tinha diversas lideranças claramente influenciadas pelo marxismo, o POSDR - Partido Operário Social-Democrata Russo. Mas em 1903 surgiu uma polarizaç!ao entre dois desses líderes, Vladimir Lenin e Julius (ou Yuli) Martov, polarização que refletia uma divisão no movimento revolucionário russo.

No segundo congresso do partido, Lenin propôs que deveriam ter um pequeno número de revolucionários profissionais, membros do partido com um posicionamento claro e radical, e um grande número de apoiadores que não fossem membros do partido. Martov discordou propondo, pelo contrário, a formação de um grande partido aberto a ativistas de diverentes classes sociais e posicionamentos, para conseguir maior representatividade na sociedade.

Formaram-se então duas alas ou facções dentro do POSDR.

Apesar de ter mais apoio popular em toda a Rússia, principalmente nas grandes cidades, a facção que seguia Martov (e também Plekanov e Axelrod) adotou — inclusive contra as orientações do próprio Martov — posições que eram ou pareciam impopulares, fadadas a perderem esse apoio e levarem o partido todo para o fracasso. Por isso dentro do partido acabou se formando, numa disputa acirrada, uma maioria a favor de Lenin. As coisas dependeram também do modo de organização do partido em suas tomadas de decisão.  O nome “menchevique” quer dizer minoria, e “bolchevique” quer dizer maioria, e as duas facções passaram a ser chamadas por esses nomes.

Uma posição considerada impopular dentro do partido, e que foi tomada pelos mencheviques, foi a de considerarem os bolcheviques piores que o governo provisório do primeiro-ministro Kerensky, que havia se estabelecido depois do czarismo. Kerensky era um revolucionário mais moderado, advogado, ligado às questoes de justiça e direito. Foi uma das lideranças responsáveis pela queda do regime kzarista e defendeu muitos revolucionários acusados durante o processo, enquanto o regime estava em caindo, e lutou mais tarde com sucesso contra a pena de morte. Os mencheviques se aliaram a Kerensky — que vinha de outro partido, o Partido Socialista Revolucinário, e tinha micrado para um grupo moderado chamado Toil — para lutarem contra os bolcheviques, que eram de seu próprio partido.

Além disso Kerensky se tornou Ministro da Guerra e procurou manter a Rússia na Primeira Guera Mundial, posicionamento que era impopular em toda a Rússia, mas que estimulava o nacionalismo. Os mencheviques apoiaram essa posição mesmo contra o próprio Martov. Assim, dentro do próprio grupo menchevique se formou uma ala mais radical, a dos mencheviques internacionalistas (que não aceitavam o nacionalismo e a guerra), e que era formada entre outros por Martov, Martinov e Trotsky, que nessa época ainda não era bolchevique.

A força dos mencheviques em sua aliança com o governo provisório foi grande, e tiveral grande popularidade apesar de sua defesa da participação impopular na Primeira Guerra, que exercia pressão contra eles. Os bolcheviques tiveram que lutar muito para conquistar esse espaço na opinião popular. 
 Podemos dizer então que as primeiras duas grandes tendências divergentes dentro do marxismo foram o menchevismo e o bolchevismo, duas alas do Partido Operário Social-Democrata Russo, sendo que dentro do menchevismo havia os mais moderados, que eram nacionalistas e favoráveis à participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, e os mais radicais e internacionalistas, que não aceitavam a guerra. Neste último ponto, os mencheviques radicais se aproximavam um pouco dos bolcheviques, porque Lenin e seus seguidores queriam que a Rússia saísse da guerra.

O leninismo ou bolchevismo, então, é como vimos uma linha de interpretação do pensamento de Karl Marx que surgiu na Revolução Russa, a partir principalmente do líder político e econômico conhecido como Lenin. A facção leninista ou bolchevique do POSDR - Partido Operário Social Democrata russo (o partido revolucionário da Rússia), na época, se confrontava com uma outra facção no mesmo partido, a dos mencheviques, que eram mais moderados e entendiam Marx de maneira mais ortodoxa.

Para Lenin e os bolcheviques o partido deveria ser formado apenas por uma elite de revolucionários preparados que seriam responsáveis por conduzir as massas para o regime socialista comunista.

Ao contrário dos mencheviques, os bolcheviques defendiam que os aliados do partido revolucionário deveriam ser tanto os operários industriais (ou principalmente eles) quanto (em segundo plano) os camponeses, que eram igualmente oprimidos, mas nunca a burguesia capitalista — mesmo em período de transição para o comunismo. Também defendiam que fosse instaurada a “ditadura do proletariado” assim que os operários conseguissem tomar o poder.

Os bolcheviques desprezavam os esforços dos mencheviques para seguirem Marx à risca como uma fajutaria. Às vezes chegavam a consideravar os mencheviques reacionários disfarçados de marxistas. Na verdade ambas as facções queriam estabelecer um regime socialista comunista de perfil marxista, e as divergências diziam respeito apenas a quando e como.

Houve tentativas de conciliação e unificação dos dois lados, mas apesar de serem facções do mesmo partido, todas essas tentativas fracassaram.

 

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