Pré-História

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Descrição para pré-história

sumário


O que é isso que chamamos de "Pré-história"?

O conceito de "pré-história" surgiu apenas na metade do século XIX, sob o impulso da obra A origem das espécies de Charles Darwin, publicada em 1854. Antes disso, Christian J. Thomsen, que trabalhava em um museu da Dinamarca, já vinha desde 1816 organizando os restos arqueológicos que eram trazidos para o acervo confore uma classificação que mais tarde ficou famosa: os mais antigos, seriam os da Idade da Pedra, porque entre eles havia instrumentos primitivos feitos principalmente de pedra; depois vinham os da Idade dos Metais, subdividida segundo o mesmo critério (o material de que eram feitos os instrumentos primitivos encontrados) em Era do Cobre, do Bronze e do Ferro. Com o conceito de "Pré-história", essas classificações de Thomsem passaram a ser consideradas diferentes fases da evolução dos homens pré-históricos (no final da Pré-histporia).

Chamamos de Pré-história tudo o que ocorreu antes do surgimento da escrita, porque só a partir da invenção da escrita foi possível registrar dessa forma (por escrito) as coisas que aconteciam, e portanto só a partir daí a História humana se tornou possível. Mas existe um debate em torno dessa ideia, porque o que se tornou possível a partir da escrita foi o registro escrito dos acontecimentos históricos — mas isto não quer dizer que não havia acontecimentos históricos, isto é, mudanças, transformações nas sociedades humanas, o que inclui diferentes fases de evolução dos seres humanos, com suas respectivas consequências na evolução das sociedades.

Desde início da invenção da escrita parece já ter havido a preocupação de registrar o presente e o passado, o que é uma atitude que chamamos de histórica. Os povos que foram criando alguma forma de escrita e utilizando-a para registrarem o seu passado, são chamados de povos históricos, em oposição aos que ainda eram pré-históricos.

Mas "pré-história" e "história" na verdade não são apenas duas épocas diferentes. "Pré-história" não é necessariamente uma situação do passado e que já não existe mais. Mesmo nos dias de hoje, um povo que não tenha criado nenhuma forma de escrita, nem sido influenciado de alguma maneira pela invenção da escrita, sofrendo mudanças importantes com isso, costuma ser considerado pré-histórico. Muitas sociedades indígenas isoladas que ainda existem sem contato com o resto da "civilização", são consideradas pré-históricas até hoje.

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Por que as sociedades que inventaram alguma forma de escrita
são chamadas de "históricas"?

Ao começarem a registrar por escrito o seu passado, mesmo que de maneira desorganizada, em registros esparsos, descuidados e misturados a muita fantasia, esses povos recém-saídos da pré-história já estavam adotando pelo menos uma atitude que é do mesmo tipo daquela daquela atitude mais básica e fundamental dos historiadores: a de tentarem entender o passado — e registrarem por escrito esse seu esforço de entender o passado.

 

Os seres humanos só começaram a existir a partir da invenção da escrita?

Dizer que a História só começa com a invenção da escrita não quer dizer que não tenha havido seres humanos antes disso.

Na verdade, os arqueólogos descobriram que os seres humanos não apenas já existiam antes de inventarem a escrita, mas já haviam chegado a desenvolver muitas outras coisas. Desenvolveram religiões, formas de expressão que se pode considerar artísticas, formas de organização social e política complexas, ferramentas de trabalho, armas e guerras, formas de educação, grandes cidades e até mesmo grandes impérios, com vastas estruturas governamentais.

Além disso, a Pré-história não é só o tempo dos homens pré-históricos. Nem tampouco se limita ao tempo dos dinossauros (que surgiram, viveram e entraram em extinção ainda antes dos homens pré-históricos). A parte da Pré-história que vem antes do aparecimento do homem é aliás incomparavelmente maior. É uma vastíssima extensão de tempo, que se iniciou com a origem do planeta, estimada pelos especialistas em aproximadamente 5 bilhões de anos antes da Era Comum (esta em que vivemos, iniciada com o aparecimento de Jesus e da fé cristã). Nesses bilhões de anos da pré-história ocorreram a formação dos continentes e oceanos, das plantas, dos animais e, somente por último, dos seres humanos, que ainda não haviam inventado a escrita.

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Quais são as áreas que se especializaram no estudo da Pré-história?

Todo esse período costuma ser estudado pela Arqueologia e por áreas especiais da Biologia e da Geologia. E no caso do início da formação do planeta, também por áreas especiais da Física. Mas embora o começo da História humana seja assinalado apenas pela invenção da escrita, os historiadores não deixam de se interessar também por tudo o que ocorreu naquelas sociedades humanas pré-históricas mais desenvolvidas, que surgiram no final da pré-história, mas antes da escrita. É claro que, nesses casos, eles precisam se apoiar nas descobertas daqueles estudiosos de outras áreas, principalmente os arqueólogos.

Explorando cavernas ou escavando o chão até faixas de terra muitíssimo antigas — que desde a pré-história foram sendo cobertas por mais e mais camadas de poeira até ficarem completamente soterradas às vezes a dezenas de metros abaixo da superfície — os arqueólogos descobriram não apenas ossos humanos e ferramentas feitas de osso e pedra nos primeiros tempos da humanidade, em que se vivia de uma forma bem mais primitiva, mas também restos de cidades inteiras daqueles últimos tempos da pré-história, que interessam também aos historiadores. Cidades cheias de objetos utilizados pelas pessoas que viviam ali.

Todas essas ruínas e restos encontrados foram sendo cuidadosamente estudados em laboratórios, para se descobrir de que época exatamente eram. Fazendo uma descrição muito simplificada e grosseira do trabalho desses arqueólogos e laboratórios químicos especializados em auxiliá-los, podemos dizer que, para esse tipo de investigação, se examina primeiro a faixa de terra em que os restos estavam soterrados (quase sempre, quanto mais fundo, mais antigos os restos), em comparação com as faixas de terra em que foram encontrados outros restos já estudados. Mas além disso, levando os restos para o laboratório, são usados ali diversos produtos químicos para detectar substâncias e bactérias mortas e petrificadas que estão coladas nos restos ou infiltradas neles, e sinais de decomposição natural desses restos.

Dependendo desses sinais de decomposição natural dos restos, assim como dos tipos de bactérias e substâncias encontrados e do grau de petrificação ou decomposição deles em comparação com a deterioração dos próprios restos, é possível concluir mais ou menos em que época essas bactérias e substâncias entraram em contato com esses restos. É possível também calcular quanto tempo cada porção de todo esse material foi levando para chegar a esse estado em que está. Isso ajuda a tornar muito mais precisa a datação dos restos encontrados. Além de técnicas similares a isso, e em conjunto com elas, são usadas também, curiosamente, técnicas que às vezes lembram bastante aquelas da investigação forense e da perícia criminal para investigar assassinatos.

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Quais são as subdivisões da Pré-história?

As divisões da Pré-história antes do aparecimento do homem, desde a origem do planeta Terra, são um assunto extremamente complicado, envolvendo muitas discussões e respostas que ainda não são definitivas, e que muitas vezes se contradizem. Mas se costuma usar para isso uma escala de tempo que chamamos de geológica, isto é, uma escala de tempo com as datas definidas pelas grandes mudanças na formação da terra e das pedras e do ambiente físico em geral no planeta — coisas estudadas pela Geologia.

Para uma noção esboçada do que existe de mais sólido e definitivo, por enquanto, na definição de divisões para o tempo geológico — isto é, em termos de divisões "oficiais" firmadas pelos estudiosos, principalmente pelos geólogos, para toda essa imensa quantidade de tempo antes do aparecimento dos seres humanos —, sugiro que se começe a pesquisar pelo verbete "Escala de tempo geológico" da Wikipédia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escala_de_tempo_geol%C3%B3gico

Com o aparecimento dos seres vivos, os geógolos costumam dividir suas pesquisas principalmente com arqueólogos e biólogos, e entre estes últimos, sobretudo os especializados em Genética e Evolução.

Quanto ao que veio depois do aparecimento dos seres humanos, passa a ser principalmente do domínio da Arqueologia. Estudando essas ruínas, os arqueólogos acabaram dividindo a pré-história humana (isto é, desde o aparecimento do homem) em duas "Idades", de acordo com o tipo de ferramentas que esses primeiros seres humanos foram aprendendo a desenvolver: a longa "Idade da Pedra" e em seguida a "Idade dos Metais".

A Idade da Pedra, pelo que todas a provas levantadas indicam, parece ter durado de 200 mil anos até 6 mil anos antes da nossa Era ( que é a iniciada com o cristianismo). Mas isso não em todas as regiões do mundo, apenas em algumas, porque em outras regiões essa Idade da Pedra (esse uso das pedras como material básico para a fabricação de ferramentas) pode ter durado bem mais, indo até os 3.300 anos antes da nossa Era.

A  Idade da Pedra costuma ser subdividida em três "Períodos":

  • Paleolítico (παλαιÏŒς, palaiós="antigo"; e λίθος, lithos="pedra"... no conjunto, a tradução seria "pedra antiga")
  • Mesolítico (meso = "meio, do meio, intermediário")
  • Neolítico (neo = "novo, nova").

A Idade dos Metais (aquela mesma que aparece representada, de maneira bem fantasiosa, nos filmes sobre Conan o bárbaro, por exemplo), costuma ser subdividida também em três Períodos, de acordo com o tipo de metal que era o mais utilizado em cada um deles. Começando pelo metal mais fácil de extrair e modelar, até o metal mais resistente e útil, e cujo uso para produzir ferramentas exigia técnicas mais refinadas:

  1. Era do Cobre;
  2. Era do Bronze;
  3. Era do Ferro.

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Os historiadores não estudam a Pré-história?

A partir do fim da Idade da Pedra começa a Idade dos Metais, e é essa a faixa de tempo que costuma interessar muito não só aos arqueólogos, mas também (e muito) aos historiadores — apesar de ainda não serem sociedades realmente históricas, de ainda estarem na Pré-história, vivendo sem o uso de nenhuma forma de escrita.

A Idade dos Metais interessa aos historiadores porque nessa época começam a se desenvolver sociedades com culturas extremamente diferentes umas das outras, e com estruturas políticas, sociais e econômicas também consideravelmente diferentes, apesar dos muitos pontos comuns entre a maioria delas — e diferenças como essas costumam ser estudadas justamente por eles, os historiadores (mas também pelos antropólogos e sociólogos).

Na Idade da Pedra, mais primitiva e que costuma interessar mais aos arqueólogos e antropólogos do que aos historiadores, as ferramentas utilizadas pelos homens eram primeiro de osso e madeira, mas logo passaram a ser de pedra (e a certa altura também de barro moldado, cerâmica etc.).  Na Idade dos Metais, que veio depois, as ferramentas passaram a ser, além disso, também de metal, e bem mais sofisticadas — e é nessa Idade que vão surgindo as grandes cidades e grandes impérios, em que os governantes eram considerados quase sempre como deuses encarnados, e dotados de poderes mágicos ou sobrenaturais. Os historiadores que se interessam pelos povos da Idade dos Metais costumam tratar essa última fase da pré-histórica, desde já, como uma primeira fase da "Antiguidade".

Neste site, essa "antiguidade ainda pré-histórica" é chamada de "Protohistória pré-homérica". Por quê? Em primeiro lugar porque o termo "protohistória" combina melhor com a atitude dos historiadores, porque quer dizer uma espécie de esboço dos tempos históricos antes de eles começarem realmente.

Chamar a Idade dos Metais simplesmente de "pré-história" dá a entender que veio completamente antes da História, a ponto de sugerir que os historiadores interessados nesses tempos estariam indo além do seu campo de estudos.

Adotei aqui o termo "Protohistória pré-homérica", em segundo lugar, porque este site divide as épocas segundo o ponto de vista do que interessa para a filosofia. E neste sentido, o termo "pré-homérica" cai bem: é uma referência ao grande poeta, sábio e religioso Homero. Mais ou menos 900 anos antes da nossa Era, o famoso Homero estava, pela primeira vez na história humana, registrando por escrito em longos livros sagrados toda a mitologia dos gregos antigos. A mitologia dos gregos antigos é justamente aquela religião a partir da qual foi nascendo o pensamento filosófico, que no início tomou forma justamente separando-se dela, e em certa medida até opondo-se a ela. Esse aparecimento da filosofia começou a ocorrer no Século VII E.C. (isto é, uns setecentos anos antes da nossa Era).

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