(Pitágoras)
Pitágoras de Samos
(570 aC? - 496 aC?)
Apesar de não termos acesso a textos escritos do próprio Pitágoras, a influência de sua filosofia foi muito grande na época, e atualmente continua grande, mas misturada a tantas interpretações que nem sempre se pode ter muita certeza do que é dito a respeito. Há, principalmente, muito material escrito por membros de seitas iniciáticas esotéricas que, por isso mesmo (por seu caráter esotérico, de cultivo de conhecimento apenas para "iniciados", isolado do debate público e aberto), não pode ser considerado material de conteúdo confiável.
Não significa que é material de baixa qualidade. Tais seitas muitas vezes seguem também uma antiquíssima tradição de coleta e cultivo de conteúdos para seu uso exclusivo, e podem deter informações raras, sólidas e importantes. Significa apenas que em condições esotéricas de cultivo do conhecimento, não temos como separar com o mesmo rigor o material bom e consistente do material mal estudado ou carregado de distorções ideológicas, em defesa de certas crenças ou linhas específicas de formação espiritual — que dificilmente se pode ter segurança de serem de fato herdeiras do pitagorismo original.
Isso porque tais materiais, evidentemente — sendo de cultivo esotérico, limitado a grupos fechados — não passam pelo crivo da crítica filosófica mundial e aberta, que pelo confronto no debate em nível global, força os pesquisadores a fundamentarem muito mais solidamente o que dizem.
(Evidentemente, quanto a essa questão do que garante qualidade ao material, não estamos falando aqui do tipo de publicidade que a cultura de massa oferece. Mas daquele que, embora aberto ao acesso de qualquer um, se desenvolve no entanto com respeito pelo trabalho de pesquisadores dedicados e tecnicamente preparados. Estamos falando do tipo de publicidade característico, por exemplo, dos debates públicos, quase sempre por escrito, da comunidade filosófica mundial.)
Portanto material de tipo esotérico sobre Pitágoras (que frequentemente se refere aos pensamentos desse filósofo como "Versos Dourados" ou "Versos de Ouro"), embora possa sim conter informações muito boas e inclusive raríssimas em meio a outras de baixa qualidade, infelizmente não oferece condições suficientes e satisfatórias para uma pesquisa séria de tipo acadêmico, a menos que ela considere com muito cuidado todas as reservas que precisam ser feitas quanto a material produzido nessas condições.
Este alerta é importante aqui precisamente porque a presente bibliografia (que pode ser ampliada com o tempo) não deixará de fora tais materiais esotéricos, que podem também interessar a visitantes ligados a esse tipo de cultivo espiritual, além de serem possivelmente úteis para o estudioso de filosofia — desde que mantidos mutio atentamente sob olhar crítico, e cotejados e confrontados com as publicações de rigor acadêmico solidamente reconhecidas na comunidade filosófica mundial.
Dos materiais oferecidos nesta bibliografia, por enquanto, os mais aprofundados e consistentes são, com toda segurança, o livro de Mário Ferreira dos Santos, o de Mattéi, e a seleção de menções e citações a Pitágoras no volume sobre os Pré-socráticos da Coleção Pensadores. O livro de Jacuqemard, embora fundado em boa pesquisa, é sobretudo uma biografia com fins literários, bem mais que um estudo.
Para os fins de uma brevíssima introdução acadêmica ao assunto, são bons também os capítulos sobre Pitágoras nos livros de Gomperz e Chauí, e no Dicionário dos Filósofos de Huisman.
